terça-feira, 15 de março de 2011

A importância da interação para a mediação pedagógica em EaD

A mediação pedagógica pode ser definida grosso modo como o conjunto de abordagens utilizadas pelo professor para facultar a compreensão sobre determinado assunto. Assim, tal mediação “na abordagem do estar junto virtual, se concretiza pelas constantes recriações de estratégias durante a realização de um curso, a partir da interrelação dos materiais, atividades e interações”. (Prado, 2010, p. 02). Desta forma, suponhamos três estudos de casos para compreensão mais precisa da mediação pedagógica na Educação a Distância (EaD).
No caso um, o cursista Pedro, embora participasse de todas as atividades, relatou não compreender a metodologia avaliativa de sua tutora e foi informado sobre a fragilidade de suas participações, uma vez que constava o problema do plágio. Como bem enfatiza Prado, (2010, p.07) as atividades nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) só têm sentido se concretizadas por meio das interações, com os materiais, alunos e professores. O que coaduna com o pensamento de Moran (1998, p 244) a “palavra chave é integrar (...) o mais avançado com as técnicas convencionais, integrar a comunicação pessoal, a interpessoal e a tecnológica, dentro de uma visão pedagógica nova, criativa e aberta”.
Ora, no caso um é visível a dificuldade de interrelação com os materiais indicados para estudo. Neste caso, o correto seria a tutora orientar de que a primeira interação deve se dar com os materiais, ou seja, o estudante deve dialogar com os autores propostos apresentando a percepção crítica dos mesmos ou a assimilação de conteúdos, que devem ser postados e referenciados bibliograficamente para que os demais cursistas possam participar desta interação.
Sobre o processo avaliativo cabe ao professor deixar claro seus métodos, e dar retorno para os cursistas sobre quais aspectos devem ser aprimorados. Demo define avaliação como “estratégia permanente de sustentação da aprendizagem formal e política do aluno, com base em diagnósticos constantes e capacidade de intervir de maneira educativa” (1998, in Oliveira 2006, p. 07). Busca-se uma avaliação sistêmica em que se avalie também a modalidade de ensino, levando-se em consideração os materiais, a tutoria e o processo de ensino e aprendizagem, o que pode servir de aporte para a formulação de futuras políticas públicas, e para a consolidação da educação na modalidade de ensino a distância.
No caso dois tem-se Helena, cursista de boa participação, que faltando duas semanas para o término do curso desaparece, não retorna os e-mail’s e depois reaparece com intuito de prosseguir os estudos informando que teve de se ausentar por problemas familiares. A cursista em questão demonstrou dificuldade de interação com o professor, pois bastaria um e-mail quando de sua saída para dar ciência ao tutor. Porém, para além da interação aluno professor, sobre a interação professor aluno indiscutível que ao “ter o aluno como foco (conhecendo suas necessidades), a qualidade dos cursos on line melhorará; os alunos ficarão mais satisfeitos com os resultados e mais inclinados a permanecerem nos cursos (Palloff & Pratt, 2005, p. 14). Neste sentido, sobre a importância da mediação pedagógica "o fato de o professor observar e entender como o aluno aprende - suas fragilidades conceituais, potencialidades e estratégias de resolução - lhe dá condições para ensinar por meio da criação de situações de aprendizagem que possam ser significativas para o aluno." (Prado, 2010, p. 3) Desta forma, o ideal seria informar a aluna da necessidade de interação com o professor, e que neste módulo, suas notas seriam avaliadas e ela poderia retornar aos estudos, mas sem promessa de progressão para os módulos seguintes.
Já no caso três, uma pesquisa revelou que os cursistas contavam detalhes da sua vida íntima, utilizavam gírias, linguagem informal e cometiam erros de português nos fóruns. Este caso revela um problema de interação aluno aluno, aluno materiais. Isso porquê, a interação aluno aluno deve se pautar nas obras discutidas buscando por meio das informações apreendidas a consolidação de conhecimentos, de maneira formal. E, isso não quer dizer que o aluno não deva trabalhar sua capacidade de aplicar sua aprendizagem de maneira contínua a suas experiências de vida, mas deve fazê-lo em relação ao material estudado. Para uma educação além do estar no mundo, para a construção permanente do estar com o mundo, no sentido de estar com o outro, compreendendo diferenças para sistematizar informações em conteúdos e assim produzir conhecimento (Freire, 1982).
A mediação pedagógica deve proporcionar aos estudantes situações que os desafiem e estimulem a conhecer mais profundamente um determinado tema, numa perspectiva do estar junto virtual, buscando por meio das interações consolidar conhecimentos, numa perspectiva educativa que se quer nova, criativa e aberta.
Referências Bibliográficas:

DEMO, Pedro. Questões para a teleducação. In Oliveira. Gleyva Maria Simões de. A avaliação no sistema de educação a distância. Cuiabá, NEAD/UFMT, 2006. Disponível em:
http://www.uab.ufmt.br/uab/images/artigos_site_uab/avaliacao_sistema_ead.pdf.
Acesso:20/12/2010.
FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 1982
MORAN, Manuel José. Comunicação e Internet para uma nova educação. In: Comunicação & Informação, V. 1, n. 2 (jul./dez. 1998). Goiânia: UFG,Facomb, 1998.
PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. Quem é o aluno virtual? In:____. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2005.
PRADO, Maria Elizabette Brisola Brito. A mediação pedagógica: suas relações e interpendências. Brasília (DF), [SBIE] XVII: 2006 Nov. 08-10. Acesso em: 24 out. 2010.

OLIVEIRA. Gleyva Maria Simões de. A avaliação no sistema de educação a distância. Cuiabá, NEAD/UFMT, 2006.
Disponível em:
http://www.uab.ufmt.br/uab/images/artigos_site_uab/avaliação_sistema_ead.pdf. Acesso em: 20/12/2010

Um comentário:

  1. Vejo que muitas das dificuldades manifestadas pelos alunos de cursos a distância também estão relacionadas com a pouca familiaridade com os recursos tecnológicos (dispositivos, programas, aplicativos etc.). Diante disso, tenho lançado mão de vídeo-tutoriais, elaborados a partir de captura de tela, para orientar os procedimentos e as interações com a tecnologia.

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