segunda-feira, 9 de maio de 2011

A crescente importância da comunicação organizacional e o trabalho




A palavra comunicação vem do latim communicatio que em sentido amplo significa “estar encarregado de reunião”, que reforça a ideia de atividade. Embora o termo comunicação possa assumir diversos sentidos.
Como produto social iminente, a comunicação perpassa todas as esferas do cotidiano humano, inclusive a do trabalho empresarial, das ditas organizações ou empresas. Tais organizações empresariais têm de se comunicar entre si, dentro de si e com os seus consumidores.
Fenômeno cada vez mais observado, diante da necessidade permanente de prosseguir participando do mercado. Ou seja, um dos prérrequisitos do capitalismo contemporâneo é o domínio das ferramentas de comunicação. Daí observa-se o crescimento do número de assessorias de comunicação no Brasil nas últimas décadas.
Assim, com a queda do Fordismo e a ascensão do modo de acumulação flexível, que muitos economistas denominam acumulação integral, a comunicação tornou-se um dos mais importantes instrumentos para agregação de valor. É a comunicação a responsável pelo aumento do consumo de produtos. Segundo o geógrafo Milton Santos o simples fato de haver propaganda de um novo produto aumenta a propensão de consumir dos cidadãos, gerando um efeito-demonstração que reduz a poupança no longo prazo.
O aumento da importância das assessorias de comunicação se insere em uma política global, resultado da adoção do modelo neoliberal em que as empresas podem agir cada vez mais livres da intervenção dos estados-nação e da inserção do Brasil no processo globalizatório apresentando como aspectos centrais: mudança no modo de acumulação de fordista para a já mencionada acumulação flexível.
Sabe-se que a preocupação central do capitalismo é melhorar as performances do sistema produtivo. Desta maneira, os modos de acumulação têm se aprimorado cada vez mais. No modo de acumulação fordista, por exemplo havia mais operários, pois cada um era responsável apenas por uma etapa do processo produtivo. Na acumulação flexível o número de operários é menor, e observa-se que todos conhecem o processo de produção e trabalham de forma intensiva realizando todas as etapas produtivas.
Para aumentar os rendimentos deste trabalhador explorado de forma intensiva lança-se mão da comunicação organizacional que engloba cada vez mais o empregado como membro da organização, incorporando métodos para que o trabalhador produza e se sinta mais estimulado. São comuns nas empresas as creches, escolas e torneios de futebol para integrar o trabalhador, em uma ideia de família-empresa, facilitando assim a acumulação integral.
A comunicação serve nas empresas na atualidade como uma forma de integrar o trabalhador para fazê-lo render cada vez mais, garantindo assim a acumulação integral. As profundas mutações culturais, políticas, econômicas e sociais que caracterizaram o final do século XX e o início do século XXI converteram a comunicação midiática em elemento de legitimação capitalista.
Preocupante é o fato de tal comunicação ser a responsável pela reunião das pessoas, e assim deveria além de reunir as pessoas para gastarem mais de seu suor e do seu ouro, também poderia despertá-las para a luta pela consolidação dos direitos civis, políticos e sociais, na forma como o autor José Murilo de Carvalho entende a cidadania. Precisamos garantir que as pessoas produzam e consumam, sem dúvida, mas precisamos como comunicadores garantir que as pessoas tenham acesso a todo um instrumental para que construam suas próprias idéias, inclusive sobre produção e consumo.

Um comentário:

  1. Texto bem amarrado, Núbia!
    A comunicação comprova-se como eixo central da sociedade capitalista e, ainda mais, neste novo capitalismo.
    Apesar deste papel central, vejo a comunicação como um campo amplo e transversal, dos multipapéis, das multifunções, como descrito neste artigo.

    Gosto quando vc posta reflexões científicas ou não!

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