No ano das eleições uma pequena reflexão sobre a mídia
O ano em que os brasileiros vão ás urnas escolher mais uma vez o destino político e social do país coincide com uma série de escândalos políticos. Isso se deve às transformações da política na era das comunicações de massa, apontadas por Wilson Gomes, em seu livro de mesmo nome. Com a globalização e o neoliberalismo uma série de mudanças afetou a mídia.
Assistiu-se ao surgimento de novas tecnologias e ao processo de desregulamentação da mídia que levou à formação dos grandes conglomerados de comunicação, monopólios interessados em lucro, refletido na briga pelas audiências. Neste contexto a interface entre a realidade e o receptor passou a ser mediada como espetáculo, justamente para conquistar as Audiências e consequentemente o lucro.
Como parte desta realidade política passou a ser mediada como espetáculo e nesse contexto, como destaca Gomes, a política passou a administrar a visibilidade, as aparências e também os escândalos. Isso pode ser explicado tendo em vista a teoria da Agenda ou Agenda Setting, segundo a qual, os elementos sociais visíveis por meio da mídia passam a fazer parte da agenda do público, pautando o cotidiano comunicacional das pessoas. “Quem é visto, é lembrado” conforme o ditado popular brasileiro.
A mídia tornou-se, como argumento Thompson, no livro A mídia e a modernidade, numa espécie de escrutíneo global, local de visibilidade e julgamento das ações e escândalos políticos.
Com a comercialização da mídia a esfera pública, entendida como espaço de crítica do Estado e das organizações sociais perdeu seu caráter crítico, como já observava Habermas em sua Mudança estrutural da esfera pública, o racional-crítico foi trocado pelas necessidades de consumo do espetáculo e hoje, como ressalta Wilson Gomes a agenda política está mais voltada para a administração das aparências e do espetáculo para conseguir a aprovação da sociedade civil e conquistar votos do que para a construção de projetos que viabilizem a consolidação da cidadania no Brasil.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
A crise do paradigma da sociedade de massa
Em seu livro Teorias das Comunicações de Massa, Mauro Wolf expõe grande parte das teorias que tentaram e tentam explicar a intervenção da mídia, desde a modernidade, nos processos de sociabilidade.
Tanto a teoria funcionalista ou corrente de estudos funcionalista, a conhecida pesquisa administrativa americana, como o seu antídoto a teoria Crítica alemã e diversas outras abordagens tiveram como paradigma a sociedade de massa.
Segundo tal paradigma massa é tudo o que não avalia a si mesmo, nem no bem, nem no mal, mediante razões especiais, mas que se sente como todo mundo, e, no entanto, não se aflige por isso, ou melhor, sente-se à vontade ao se reconhecer idêntica aos outros. Ou seja, os seus teóricos buscaram afirmar com seus estudos que os efeitos da mídia são fortes e dominadores, indivíduos atomizados, alienados, presos no seu isolamento ou então ilhados no seu silêncio.
Tem-se de um lado, a imperante organização social (Escola de Frankfurt) e de outro, os indivíduos moldados por tais organizações (Teoria Funcionalista e depois teoria Hipodérmica). O que será mais ressaltado na dependência do indivíduo ou homem massa será sua subjetividade, totalmente forjada pelas novas modalidades sociais. Tudo isso tomando empresaradas análises sociológicas, psicológicas e até psicanalíticas para explicar a interface mídia e sociedade.
Não desconsiderando o fato de que durante toda a história das teorias da comunicação muitos estudiosos tentaram e até propuseram abordagens que contradizem o paradigma da sociedade de massa, como o modelo interacionista desenvolvido nas últimas décadas na América Latina, os Cultural Studies, na Inglaterra, entre outros.
Na atualidade como bem argumentam os Mattelart em seu livro: Pensar as mídias a comunicação estudada sob o paradigma da sociedade de massa entrou em crise. Se de um lado, a pertinência sociológica da teoria Crítica descuida dos problemas de comunicação enfatizando a relevância das estruturas organizacionais e os processos sociais. De outro lado, o interesse exclusivo da Corrente norte-americana pelos processos de comunicação negligencia a relação mídia/sociedade e enfatiza a centralidade dos dispositivos de comunicação.
Como bem refletem os Mattelart com os anos de estudo e a percepção das falhas de cada teoria, para compreender a influência da mídia nos processos sociais, que o paradigma de massa com a onipotência da mídia e a luta de classe não resolve tudo. Nem contém tudo. Junto à estas problemáticas há outros interesses. E nesse sentido, ressalta-se a importância das pesquisas em comunicação na América Latina, sobretudo na incorporação do receptor como pólo gravitante, ao que se reconhece por um fim, uma espécie de liberdade de leitura de mensagens que consome, uma possibilidade de apropriar-se destes produtos.
E, cabe a nós ressaltar que apesar dos avanços, as pesquisas em comunicação tornam-se cada vez mais imprescindíveis, uma vez que a mídia ocupa cada vez mais espaço no cotidiano dos indivíduos, numa espécie de quarto bios midiático tão propalado por Muniz Sodré. Mas, sem esquecer do velho provérbio de Tomás de Aquino: “A vida transborda o conceito”.
Tanto a teoria funcionalista ou corrente de estudos funcionalista, a conhecida pesquisa administrativa americana, como o seu antídoto a teoria Crítica alemã e diversas outras abordagens tiveram como paradigma a sociedade de massa.
Segundo tal paradigma massa é tudo o que não avalia a si mesmo, nem no bem, nem no mal, mediante razões especiais, mas que se sente como todo mundo, e, no entanto, não se aflige por isso, ou melhor, sente-se à vontade ao se reconhecer idêntica aos outros. Ou seja, os seus teóricos buscaram afirmar com seus estudos que os efeitos da mídia são fortes e dominadores, indivíduos atomizados, alienados, presos no seu isolamento ou então ilhados no seu silêncio.
Tem-se de um lado, a imperante organização social (Escola de Frankfurt) e de outro, os indivíduos moldados por tais organizações (Teoria Funcionalista e depois teoria Hipodérmica). O que será mais ressaltado na dependência do indivíduo ou homem massa será sua subjetividade, totalmente forjada pelas novas modalidades sociais. Tudo isso tomando empresaradas análises sociológicas, psicológicas e até psicanalíticas para explicar a interface mídia e sociedade.
Não desconsiderando o fato de que durante toda a história das teorias da comunicação muitos estudiosos tentaram e até propuseram abordagens que contradizem o paradigma da sociedade de massa, como o modelo interacionista desenvolvido nas últimas décadas na América Latina, os Cultural Studies, na Inglaterra, entre outros.
Na atualidade como bem argumentam os Mattelart em seu livro: Pensar as mídias a comunicação estudada sob o paradigma da sociedade de massa entrou em crise. Se de um lado, a pertinência sociológica da teoria Crítica descuida dos problemas de comunicação enfatizando a relevância das estruturas organizacionais e os processos sociais. De outro lado, o interesse exclusivo da Corrente norte-americana pelos processos de comunicação negligencia a relação mídia/sociedade e enfatiza a centralidade dos dispositivos de comunicação.
Como bem refletem os Mattelart com os anos de estudo e a percepção das falhas de cada teoria, para compreender a influência da mídia nos processos sociais, que o paradigma de massa com a onipotência da mídia e a luta de classe não resolve tudo. Nem contém tudo. Junto à estas problemáticas há outros interesses. E nesse sentido, ressalta-se a importância das pesquisas em comunicação na América Latina, sobretudo na incorporação do receptor como pólo gravitante, ao que se reconhece por um fim, uma espécie de liberdade de leitura de mensagens que consome, uma possibilidade de apropriar-se destes produtos.
E, cabe a nós ressaltar que apesar dos avanços, as pesquisas em comunicação tornam-se cada vez mais imprescindíveis, uma vez que a mídia ocupa cada vez mais espaço no cotidiano dos indivíduos, numa espécie de quarto bios midiático tão propalado por Muniz Sodré. Mas, sem esquecer do velho provérbio de Tomás de Aquino: “A vida transborda o conceito”.
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