No ano em que os brasileiros vão às urnas mais uma vez escolher o destino político e social do país, a importância da mídia como local de visibilidade torna-se novamente nos meios acadêmicos tema de debate. Com a globalização e transnacionalização das economias as trocas de informações e serviços se dão em nível mundial e a concorrência está ainda mais acirrada. O modelo de produção que privilegia o consumo também atingiu a mídia, que usa o artifício da espetacularização dos fatos e imagens para vender. O espaço de venda de informações (mídia) centra-se no escândalo, dando visibilidade exacerbada a certos acontecimentos, muitas vezes usando da repetição de alguns discursos para atrair o público.
Como parte desta realidade a política também passou a ser mediada como espetáculo e nesse contexto, como destaca Wilson Gomes em seu livro “Transformações da política na era das comunicações de massa”, a política passou a administrar a visibilidade, as aparências e também os escândalos. Isso pode ser explicado tendo em vista a teoria da Agenda ou Agenda Setting, segundo a qual, determinados elementos sociais visíveis por meio da mídia passam a fazer parte da agenda do público, como possibilidade de pautar o cotidiano comunicacional das pessoas. “Quem é visto, é lembrado” conforme o ditado popular. A mídia tornou-se assim, como argumenta Thompson, no livro “A mídia e a modernidade”, numa espécie de escrutíneo global, local de visibilidade e julgamento das ações e escândalos políticos.
Neste contexto de visibilidade midiática em que a política também usa da espetacularização para conseguir votos, um elemento tem chamado a atenção, em plena campanha eleitoral (pleito de 2010, senadores, deputado federal, estadual, presidente e governador) os candidatos têm tratado da violência e do uso de drogas (crack, principalmente) como algo a ser resolvido com o aumento do efetivo policial e de armamentos.
As sirenes marcam o cenário das propagandas dos políticos que abusam do discurso da insegurança para se elegerem. Criam uma situação de retroalimentação da insegurança, de um lado afirmam seu crescimento e de outro sinalizam a solução militar para o problema. A ideia de guerra está implícita nesse discurso. Como um “temos que nos livrar das pessoas que praticam a violência e dos usuários de drogas com um efetivo policial maior, mais treinado e mais armado”, ora raciocinando me lembra um pouco o que Hitler quis fazer ao prender e exterminar aqueles que não faziam parte da raça pura.
Quem os políticos pretendem prender e por vezes até exterminar, (pois infelizmente os noticiários mostram muitas mães das periferias que choram os filhos desaparecidos quase sempre ligados nas investigações ao tráfico), são pessoas iguais a eu e você, só que para o capital são tratadas como invisíveis, porque não podem consumir como determinadas classes sociais.
Esse discurso pode parecer medíocre e hipócrita, mas esses seres são humanos e não tem oportunidades de enxergar a vida além dos morros, barracos e favelas onde nasceram, foram subalimentados e mal criados.
Acredita-se que o crescimento da violência está associado aos problemas estruturais, tais como desemprego ou subemprego urbano resultado de uma política econômica centrada na financeirização da economia e não na falta de policiais e armas. Os juros básicos (taxa selic) giram em torno de 10,75% denotam o desprezo ao setor produtivo, regra simples da economia para se gerar empregos é necessário um aumento da produção. Porém, não conseguimos perceber nas plataformas dos políticos que usam da espetacularização da violência uma ação dialógica que perpasse suas causas, associados ao que a mídia expõe, os políticos preferem a visibilidade que garanta os votos.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
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